CONSTANZA PASCOLATO
A italiana é um dos maiores ícones de elegância de São Paulo, e membro da Academia Brasileira de Moda.
É autora de dois livros sobre estilo e assina um dos melhores blogs do assunto,no oficinadeestilo.uol.com.br . Essa mulher é realmente uma especialista, deve-se confiar na palavra dela!
‘‘Luxo é misturar coisas caras e baratas’’
Qual é o grande luxo hoje em dia?
É se tratar e parecer jovem. Esse deve ser o maior investimento da mulher, porque é o que conta, o resto é acessório. A partir daí você deve começar a colecionar coisas que lhe fiquem bem. Eu acho hoje que é melhor ir a uma festa com uma roupa mais velha com que eu me sinta bem e investir mais nos acessórios colocando-os de uma forma especial, que vai ter a minha cara, o meu jeito. Eu não deveria nem falar isso porque vendo tecidos (risos).
O que se usa hoje?
Hoje o luxo é misturar uma coisa cara, um Prada, um Armani, com peças bem-humoradas e baratas de brechó, da C&A, das feiras. Isso é que dá o tom pessoal, o jeito diferente sobre o qual eu estava falando. Hoje conta mais o seu desejo de criar uma maneira diferente de ser do que propriamente desfilar por aí só com roupas de grife.
Quer dizer que é possível fazer bonito usando coisas baratas?
As lojas mais populares, como C&A, Riachuelo, Renner e outras,
estão todas com moda mesmo, não é mais roupa. A verdade é que
hoje você pode se vestir dentro da moda, bonitinha e graciosa, com coisas bem acessíveis. Isso é muito democrático e está acontecendo no mundo inteiro.
O que se usa nas ruas está bonito, na sua opinião?
Eu aconselho as pessoas a se olharem mais no espelho. Vejo cada coisa!! Usam calças justas demais, de tal forma que as que têm o manequim 2 ou 200 usam o mesmo número. Não dá! É uma coisa exagerada isso que existe aqui no Brasil. Se elas soubessem como sofreriam menos e como ficariam mais bem vestidas com números um pouquinho maiores! Eu acho que elas devem ficar exaustas quando chega o fim do dia (risos).
O que você acha das batas que estão na moda?
Achei que as batas não iam pegar no Brasil porque elas são meio largas na cintura. Mas como elas ficaram curtas, deixaram aparecer a barriguinha, que continua sendo o foco das meninas. Assim, as batas ficaram sensuais. Mas eu já acho que elas estão virando lugar comum.
É que as brasileiras têm mania de deixar o corpo à mostra.
Ninguém mostra a pele tão bem como as brasileiras. Vocês não sabem o que é a diferença entre uma brasileira e uma comum mortal de outro país (risos).
Qual é a diferença entre as brasileiras e as estrangeiras?
É uma coisa quase impossível de explicar. Acho que aqui no Brasil as mulheres têm mais intimidade com o calor. Usam decotes que uma estrangeira ficaria toda atrapalhada para se mexer, e fazem isso com muita naturalidade! É provocante porque é bonito, não é vulgar. Eu acho que as brasileiras conseguem vestir coisas que em outras mulheres do mundo seriam vulgares, não pela roupa em si, mas pela atitude. E hoje a história da atitude não pode ser desligada da roupa de jeito nenhum.
Como assim?
Cada vez usa-se menos roupa. Imagine uma mulher nos anos 1950, o mesmo clima, mesmo país, só que naquela época elas usavam chapéu, luvinhas e saias rodadas, isso sem falar que no século anterior elas andavam de veludo no Rio de Janeiro. Hoje não. A roupa cobre apenas o corpo, usa-se menos pano, porque na verdade o que vale é a atitude, o corpo bem tratado. Hoje é mais importante você parecer jovem e bem tratada do que parecer rica.
Você está namorando?
Não. Estou sozinha mas a essa altura acho que é melhor assim. Como dizia (a atriz) Marlene Dietrich: “Too young, what a pity, too old, what a pity” (muito nova, que lástima, muito velha, que lástima). Você tem que ficar bem para ser aprovada por aquela pessoa que você encontrou agora. Se eu tivesse crescido na vida com uma pessoa que me conhece há muito tempo e que me aceita como eu sou, OK. Mas isso na minha idade dá muito trabalho.
O Nelson Motta, com quem você foi casada durante seis anos, vai se casar com uma mulher 30 anos mais jovem.
Mas homem é diferente porque é a mulher que se ocupa dele, não é ele que vai cuidar dela. O Nelson faz muita coisa, tem muito talento, se mexe muito, então precisa de alguém com tempo integral para organizar a vida dele. Acho que ela nem trabalha (Adriana Penna foi até outubro do ano passado consultora de marketing da Sony Music).
Isso é injusto, na sua opinião?
Ah, eu nem julgo. Mas para que eu quero alguém? Não estou nem aí.
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